Carinhosamente ele dá em sua esposa um beijo e dá a ela um
fio-dental com uma risadinha. “Eu te trouxe uma lembrancinha do trabalho de
hoje”, diz ele com seu forte sotaque australiano.
Se isso parece um presente incomum para essa comum cena doméstica,
é porque você não sabe que Anikka e Mick Blue fazem para viver.
Esse casal feliz é premiado e altamente requisitados
performers adultos, são o Brangelina do mundo do pornô. Eles se tornaram o
primeiro casal a simultaneamente vencer como performer masculino e feminino do ano
no Adult Video News (AVN) de 2015 com Mick levando o prêmio de melhor masculino
esse ano de novo.
Apesar do sucesso deles, Anikka e Mick ainda enfrentam
constantes críticas por fazerem o que amam. “A coisa mais negativa é o estigma da sociedade quando as pessoas descobrem”, explica Mick. “O estigmatismo das
garotas é maior do que os dos caras. Se uma garota faz isso, ela é uma
prostituta”.
“As pessoas no Instagram são as piores”, Anikka continua. “Eles
fazem comentários por causa do que eu faço e não faço, apesar de ser
amada e ter um relacionamento saudável”.
Não são apenas as mulheres que têm má reputação por estar
envolvidos no pornô. O casal diz que a indústria inteira é manchada com o
estereótipo de que os performers são extremamente dependentes em drogas.
“Isso é um problema com a mídia”, diz Mick. “Eles colocam os
filmes e eles nos dão má reputação. Sim, quando você ver os filmes como Boogie
Nights, era uma diferente época. Sim, naquela época era assim. O pornô era
underground, mas hoje na indústria você é avaliado pela sua última cena. Existe algumas
pessoas que vão a festa e usam drogas, mas isso não é maior do que em outra indústria”.
Para essas duas pessoas extremamente sexuais, estar no pornô
é apenas um trabalho e muito prazeroso por sinal.
“Existia uma parte de mim que era hipersexual e antes de eu
entrar na indústria, eu não tinha essa válvula de escape”, disse Anikka. “Então
eu entrei nessa indústria e tive essa vida, mas quando eu volto para casa tudo
que eu quero fazer é estar com Mick”.
Eles podem estar se divertindo agora, mas trabalhar no pornô
não é sempre fácil e para muitos performers não é uma carreira longa. Então,
quanto tempo eles vão ficar na indústria? “Nós dois nos acostumamos e isto é
basicamente nossas vidas por enquanto e nós encorajamos um ao outro para dar
nosso melhor. Ficaremos enquanto isso nos fizer felizes”. Disse Anikka.
Mas Mick explica que isso não pode ser uma escolha. “Isso não
é sobre o quanto tempo você quer lidar com isso, mas o quanto tempo nossos
corpos querem fazer isso porque esse é um trabalho físico”.
Uma das razões de Anikka dá uma parada é para ser mãe. “Quando
eu tiver um bebê eu quero ter tempo para o bebê, mas depois eu volto para indústria”,
afirma ela.
“Só porque você tem um filho não quer dizer que você vai
colocar sua sexualidade de lado. Sim, você precisa estar segura e se manter segura,
mas existe uma hora e lugar para tudo e você pode encaixar seu filho na sua
vida. Você não leva o seu filho para trabalhar com você”.
Anikka foi a estrela do show no AVN deste ano, co-anfitriã
da noite e andando no tapete vermelho com Mick Blue poderia se imaginar que
ambos estavam em um evento de premiação convencional.
Até a mãe de Anikka estava lá de pé para orgulhosamente
apoiar sua filha e o seu genro na noite das noites deles. A aparência no rosto
dela era de uma mãe que estava orgulhosa de sua filha por ela fazer o que gosta.
A única coisa que ela ama é, fazer sexo diante da câmera. Isso nem sempre é fácil de se conseguir assimilar.
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Anikka Albitre nos bastidores com sua mãe e a sexologista Dra. Nikki Goldstein |
Quem vive neste ramo é similar como a atuação convencional por manter um relacionamento com alguém no mesmo ramo, sempre deixa uma pergunta no ar e na
cabeça dos fãs, que é infidelidade e ciúmes. Durante o show de premiação de outra
estrela (que venceu o prêmio de melhor anal), agradeceu Anikka por ela aceitar
que seu marido tenha atuado com ela para receber o prêmio.
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Riley Reid foi a vencedora de Melhor Anal no AVN 2016 |
Mas surpreendentemente, Anikka não tem problema em assistir
seu marido no set. “Existe um senso de segurança e mesmo que ele possa fazer
sexo com outra pessoa, eu sei que nossa conexão não vai se romper”, explica
ela.
“Eu acho que a questão é a definição de traição”, explica
Mick. “Traição não é preciso necessariamente transar com alguém. Traição é
maior, se você faz alguma coisa que não tem consentimento da pessoa com quem você está.
Se você foi a um lap dance, mas não contou a seu parceiro isso é traição? Se você
foi ao cinema e não contou ao seu parceiro que estava com outros caras ou
mulheres isso é traição? ”
Mas o que acontece se eles sentirem uma verdadeira conexão com
outro performer no set? “Sentimentos por uma pessoa vem se você permitir que os
sentimentos venham. Você aprende como controlar isso”, diz Mick.
Anikka se aprofunda, “Você aprende a colocar barreira, então
você se protege. Há vezes que eu tenho uma cena incrível, mas eu irei contar a
ele sobre isso. Eu irei dizer algo e ele pode não gostar de ouvir, mas eu vou
dizer e isso é importante para ele ouvir”.
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Mick Blue, Anikka e Erik Everhard |
Mas e sobre a vida sexual deles juntos? Não existe swing no
sexo ou aqueles tipos de masmorra de BDSM na casa deles. Mick descreve como é diferente
o sexo no set em relação ao sexo em casa. “Se você transa em casa você pode ir
no seu próprio ritmo em seus próprios momentos, pode ser uma coisa mais íntima.
Se um cameraman for filmar esse sexo, o diretor vai dizer que isso é romântico e
existe uma conexão, mas eles vão dizer também, ‘cadê a penetração? ’ ”
Existem os negativos para esse trabalho e uma desvantagem para
indústria. Mas isso foi se refrescando ao conhecer um casal que não é só bem-sucedido
nas suas vidas pessoais ou profissionais, mas estão acabando com mitos do que
quer dizer ser porn stars, apenas por ser eles mesmos e não deixar que o mundo os
definam pelo quê (ou quem) eles fazem.
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